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domingo, 26 de setembro de 2010
DE LÍRIOS E DE LUCIDEZ
DE LÍRIOS E DE LUCIDEZ
Basta olhar os lírios do campo um tanto
A querer bem perscrutar se saiba quanto
Que dor-mente se nos faça a dor alheia
Por seu simples perpassar em outra veia
Qual se a noite aclarasse num decanto
O que a faina de outros ombros nos permeia
Do que, súbito, desperta, e por encanto,
A consciência enredada nesta teia
De olvidar a dor do mundo, o triste pranto
Engana-dor quem fecha os olhos e campeia
A triste senda que, soturna, lhe é por manto
Neste delírio lirial não ouça o canto
Tão densas trevas que, na luz, ele descreia
Com-parte-ilhada a dor do outro seja meia
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segunda-feira, 20 de setembro de 2010
A PEÇA HÁ DE FAULT AR
A PEÇA HÁ DE FAULT AR
A peça que me falta pede
No paço da razão eu possa
Contemplar que tanto peço
De perder-me no compasso
E ãn-seio sem.ti afagar
Tão dela.e.cio que ãn-cio
Veio diz.sentir afogar
E está tudo por um fio
Do que fomos e que somos
Rio em que desagua o mar
Dor.sal da terra eu abraço...
Em tal diz.senso a vagar
Que sal.dade é este.lhe.aço
Que dôo e dói cada pedaço
Na diz.sem.são, divagar...
Que não se constrói sem ti
Animal sedento e sedentário
Pois de tudo o quanto vi
Que pulula e que é vário
Penso, somos cada sumo
De um querer desentortar
Neste labor eu me consumo
Não consigo, mas eu tento
Trago comigo cada caco
Que, à vontade, eu desarranjo
Meu triste rosto de macaco
Minh’alma luzente de arcanjo
Refazendo-me, à receita,
Desta refeição refeita
Nesta linha rarefeita...
Francisco de Sousa Vieira Filho
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sábado, 18 de setembro de 2010
TÁ.TE.ANDO AQUI AMOR TE AH.NUM.CIANDO MAIS
TÁ.TE.ANDO AQUI
AMOR TE AH.NUM.CIANDO MAIS
E eu me pego aqui,
És.tocando-te alimento,
Pra sem[ti] depois...
Pois bem sei,
Logo vais me deixar...
E que não tarda a tarde
Em que te vais...
É que aproveito
Estes meus ais
Que não de dor
Comigo estão
Mas não contigo
Enquanto juntos...
Ainda...
Leve e pouco a pouco
Foice mudando.
E eu sem ti tudo...
É o que me eras.
Te vi agindo diferente,
Ao passo que eu
Me viajando aqui
E tá.te.ando ali,
De um lado pra outro,
Sem sair do lugar,
A pressa.em.ti
Que invernos eram.
E mesmo a despeito
Dos momentos
Em que em.cruz.ilhada
Em meu corpo eras...
Passadas...
Ainda em.ti.mi.dá isso,
Mas não dá mais.
Cama.arada sempre
Esteve a te esperar
Porque flor.é.ser-te.
Mas não vingou,
Ao peso do desprezo
Estéril teu.
É que o teu ensejo
Já não seja mais o meu.
Em.levada de si
Em seus laivos sucessivos
Você veio rio caudaloso.
Vestida da tristeza mais fria,
Enregelada pele tua,
Como há muito já me vinhas...
Vinho amargo.
E eu te cingi de sol da manhã
A cada vez que vi,
Como agora,
Que já não eras há eras.
Restou esse buraco negro,
A desmontar-se.
Mas persisti e te segui,
Como sigo
Em meu cismar sísmico,
A te sentir cada mínima nota,
Cada pequena nuança,
Da imperceptível mudança,
Que em ti já sentia,
E que já se ah.num.ciava,
E há muito,
Como sem querer acreditar,
Mas como ainda assim.
E o acre dito que de teus lábios
Vomitarão, lava vulcânica, um dia,
Também hei...
Sei que sempre foste pendular:
Longe, se me estava perto,
Perto, se longe estávamos,
Ah, mas como, sim, tu...
Mas já sem ti
Se é só comida fria...
Pois sei que foice
Há tempos ceifou-te
Flor.esta
Que Deus
O nome deu
Amor.
Francisco de Sousa Vieira Filho
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quarta-feira, 15 de setembro de 2010
GIRAMUNDO
GIRAMUNDO
Há em nós o anterior à palavra...
Que o após seja doutra lavra
É que nos dormita o primitivo
Ancestral e habita no que vivo
Da metafísica, somos o que cala...
Em ritmo, o outro ser do signo
Rotação que nos transforma em ciclo
Movimento donde brota corpo e fala
Mas é certo que não tarda...
Se pressinta o que nos arda
É giro e é roda e é alma
O que pulsa e não se acalma
Se esse nós da linguagem trata...
Que na prosa tão-logo esvaia
Pois se nela a razão se aclara
É na poesia que a loucura exala
Adriana Araújo Pólenradioativo
& Francisco de Sousa Vieira Filho
GIRAMUNDO [II]
Pois ía muda rumos... mundo gira e muda rumos, porque pois ía foice... e não é a poesia que precisa do mundo, o mundo é que precisa depois ía, justo porque ela imprecisa. É que pois ía diz.atando os nós, mas até os cegos cura... e foice...
Francisco de Sousa Vieira Filho
DESENHO: Manu Maltez - http://manumaltez.blogspot.com/
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segunda-feira, 13 de setembro de 2010
COR.TE N'ALMÁ - prosas poéticas (I)
SERVO EM TI HÁ
Que escrever servo.em.ti a tem. Escrever não serve, é servido – tem posse, mando e domínios próprios. Não se enquadra fácil no rótulo utilitarista, como meio para se atingir algo, mas é fim [em si e por si]. É alvo, seta, alça de mira, disparo e projétil, deixando pólvora incombusta na passagem. Dizer sem dizer, eis a idéia! Ocultar sob os sete véus e sentir até onde ousa cada leitor se embrenhar. Ou se exerce uma crítica às vozes ou a elas bem se entrega, não há outro caminho. Escrever é vício e é terapia; é brincadeira e agonia [utopia?! - talvez]. A um só tempo ardor do sol e estio da treva. E é muito mais do que nos pareça, sob os véus em que se esconde essa vontade de grafar [como fizeram os primitivos] nossa parca passagem neste mundo full gás. É que é veículo com o que a alma enxerga mais. E se pressente urgências por trás das palavras, quando a poesia é carro.céu de fogo e veículo de sentires e forças que não pode conter – ela extravasa. Calar-se, então, que o amor fala mais, que o excesso de palavras só desfaz, a beleza destes tristes ais.
Francisco de Sousa Vieira Filho
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NA CUMEEIRA DO TEMPO
Acerto a seta ponteira com que teimo e tanto. Me fio, à linha inteira, dos ponteiros, quanto. E tento e limo e moldo me consigam manto. No fundo de meus ossos, soldo, forço até o pranto. E limo pele e alma, de profundo; e perco mais que a calma, o próprio mundo. Os pontos que da rinha, qual se advinha, eles me são. À porta deste céu me proteja o véu. Que se avizinhasse, mas não é nem tanto. E tão logo passe o seu triste canto. Ah, se isto fosse, mas é fosso e longe. Seu aroma doce bem distante passa. E num só instante ele se perpassa. Do tempo vil sem eira, a dizer se queira, tenha outra função; pois nem bem à beira, a razão meeira há de ter porção, co’essa a.parte inteira que é do coração. Só me resta então, nesta cumeeira do tempo ter comigo alento que consigo. E o pranto que o futuro inventivo inventa. No seu triste encanto, ele até que tenta – e sempre! É que força o ventre. Quer par.ir singularidades duplas, se só.lhe.dão isto. Quer-se algo novo e di.verso, mesmo nada possa haver de novo sob o véu do sol. E, assim, seguem os dias nesta dança, nos volteios e firulas de criança. E dispensa o ciclo todo, que o pêndulo só explica. Tudo recomeça, é o que, de novo, ele suplica.
Francisco de Sousa Vieira Filho
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PRIMITIVO
Deixar de estar e vir-a-ser, se se perde de si nas cogitações. Mas as raízes inda estão lá, ensinando o caminho de casa, como se falassem tudo o que quero dizer e não disse. Guardam aquilo que reside na proto-palavra, no seu nascedouro, berço de estrelas. Há um desejo de completude infindável nelas ou é o que há em mim ao lê-las antes de traçadas no papel. Sigo ponte.ilhando pautadas palavras precisas. E que ficariam melhor sem eles – os pontos. Perdidas umas das outras em dê.lírios ou dê.leites dom.di.verte também mel, sobretudo se lambidas por quem saiba. Uma flor.esta em que se perde para se encontrar o alter-ego poético alter.nativo.
Francisco de Sousa Vieira Filho
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Foto: André Gonçalves [redator, publicitário e fotógrafo piauiense] - Barco em Jeri - http://www.andregoncalves.fot.br/
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segunda-feira, 6 de setembro de 2010
R.ÁSTROS
R.ÁSTROS
(I)
Ele que foi a serpente emplumada,
O portador da luz da ilha sagrada,
Daquele antigo leste que se partiu,
Restou a sabedoria de Quetzacoatil
A beleza frondosa da terra amada
Que se desfez numa só engolfada
No furor do oceano que bramiu
Foi ele a última centelha que viu
Mas pôde salvaguardar um ceitil
Derradeira chama pálida produziu
Do menor conhecimento e de cada
E de tudo o que ficou logo baniu
Escolhos que quisera do mais vil
Se perdessem nesta nova empreitada
(II)
Novamente semente a ser plantada
À sementeira nova chance fora dada
É que quisesse sem o dano que feriu
Àquela que o outro curso já seguiu
E, se obteve êxito, se ele conseguiu
O sequioso intento que era seu ardil
Com o esforço de sua mão edificada
A tela do futuro inda resta embaçada
Somos nós que colheremos cada til
A quem foi dada a trilha já traçada
Aos lindes de passado outro atada
Se ressurja inda uma vez primaveril
O fulgor que naqueles idos já se viu
É mister que nossa força seja alçada
IMAGEM 1: http://hiscrivener.files.wordpress.com/2008/07/quetzalcoatl.jpg
IMAGEM 2: http://fourcolorcomix.com/~fourcolo/images/f/fb/FCCQuetz.jpg
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