quarta-feira, 24 de março de 2010
SER RADICAL
SER RADICAL
Colimam para que o mundo piore
Os que esquecem o a priori.
Pouco útil é a filosofia da práxis,
Ao supor prescindir da rádix.
Faltar-lhe-á o sólido fundamento
Para guiá-la ao visado intento.
Porventura se constrói edifício
No limbo arenoso do suplício?
Que tu queres?
Teorizar sobre bolha de sabão?!
A ti mesmo feres,
Desconhecendo a eterna canção!
Tu, que só labutas com lei contingente
És tão-só um espírito indigente
Busca o saber absoluto
E não te cinjas mais de luto.
Não sejas cego, coração altivo,
Quando dizes: tudo é relativo.
Sei que isto é bem verdade,
Mas somente em pouca parte.
Certamente, absoluta seria,
Se, em todo, fosse verdade,
A afirmação que se fazia;
O que é impropriedade.
Como pode absoluta ser,
A lei que teima em dizer
Que tudo é relativo?
Eu te digo compassivo:
Ela a si está contradizendo,
E absoluta se fazendo.
E não me chames de parcial,
Sequer mereço ser chamado radical.
Pois parcial eu seria toda vida,
Se isto te abrisse os olhos para a eterna lida.
Achas tu ser radical termo pejorativo?!
Para teu preconceito, procura outro paliativo.
Queria eu poder ser radical
E vislumbrar o alvo final.
Radical é quem as raízes procura
E, sendo cego, vê luz em noite escura;
É quem persegue, da Verdade, a essência
E não se conforma com empírica maledicência.
Francisco de Sousa Vieira Filho.
FONTE: VIEIRA FILHO, Francisco de Sousa. Lira Antiga Bardo Triste. Teresina - PI: Gráfica e Editoria O Dia, 2009. v. 500. p. 47 e 48.
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