VENDETTA
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
VENDETTA
VENDETTA
(a Felicidade de Goethe e a dor de Ihering)
I
Não chores por ter sido tu
Por outrem, calcado aos pés
Outro dia ainda nasceste nu
E isso não te foi por revés
Os que julgam fazer-te o mal
Não angariam sequer vinténs
Do maior bem celestial
Lutando por tesouros desta terra
E bem longe do Tesouro jazem
Se em todo mal que perfazem
Tamanha tristeza encerra
II
É com o esvoaçar das pétalas da rosa
Que se percebe ali todos os males
Não estando enxertos na fibra aquosa
De que nos falava um certo Tales
Sendo a vida a doce infância
Desses seres de essência imortal
Encerrada num corpo simial
Desperta, ó criança, sem temor:
Nasceste pra saber que um dia perderás
Tudo a que nesta vida te apegas e dás valor
E o Tesouro da Verdade cultivarás
Sem de novo sentir fome, frio ou dor
Francisco de Sousa Vieira Filho
FONTE: VIEIRA FILHO, Francisco de Sousa. Lira Antiga Bardo Triste. Teresina - PI: Gráfica e Editoria O Dia, 2009. v. 500. p.17 e 18.
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PLURISSIGNIFICAÇÕES PLURISSIGNIFICANTES
PLURISSIGNIFICAÇÕES
PLURISSIGNIFICANTES
A Ludwig Wittgenstein
Faz escorrer nos escombros destes cinzéis
O que pareceria seja morta a muda língua
No borbulhar de tinta bruta, os mil pincéis
De uns cem mil signos plurissignificantes
Num entorno louco de verborragia frágil
E já nem se diga o que é que fora dantes
Molda em pedra o cárcere pedregoso chão
E faz com que do espelho na parede eflua
De tais palavras, inda que a menor noção
Francisco de Sousa Vieira Filho
FONTE: VIEIRA FILHO, Francisco de Sousa. Lira Antiga Bardo Triste. Teresina - PI: Gráfica e Editoria O Dia, 2009. v. 500. p.69.
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