quarta-feira, 7 de setembro de 2011
MADRUGADA DE ESTÔMAGO
MADRUGADA DE ESTÔMAGO
Pra aquecer, ou esquecer, com tal pujança
Te enlouquecer, a embeber, em álcool anidro
E enxamear, na fina teia, em que se trança
Algo do teu, e também meu, teto de vidro
Quis desbancar esse teu ar, diz.esperança
Ao te querer, com.sumo.ir que te consome
No fim das contas, tudo se resume à fome
Francisco de Sousa Vieira Filho
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sábado, 20 de agosto de 2011
LA BELLA LUNA
LA BELLA LUNA
[Sim, tu]a
Tez nua
Tanto fez
A vez
Em mim
Que branca
Brinca
E sua
A minha
Na tua,
Ó Lua
Francisco de Sousa Vieira Filho
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sexta-feira, 24 de junho de 2011
EM.TÁ,LHE.ANDO & LEVIATÃ
EM.TÁ,LHE.ANDO
Para a amiga Zélia Guardiano,
pela amizade, o estilo ímpar e a inegável inspiração
Entalhe
A fenda
Em uva
Defenda
O talhe
À vulva
Detalhe
Penda
A chuva
Te calhe
Emenda
À Luva
Se Falhe
A Lenda
Turva
Farfalhe
A senda
Em curva
Francisco de Sousa Vieira Filho
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LEVIATÃ
Diz.com.nexo se.te.ando ou parte.se.par...
Que esta.ação de parte.ida te é.de.ficar
Ao tatear as frontes baixas na multidão
Esgarça-me os becos mudos da solidão
Como tentasse segredar flor em deserto
Questionar se me disto ou se estou perto
E há salto na alma, como se fosse fácil
Autor.ía, já não vai, como se fosse fóssil
‘Sem’.tem.cio, se tenciono-te inda mais
A querer se me prolonguem tantos ais;
Se me acossam, conjuro lonjuras de mim,
Tanto possam me acordam acordes do fim
O conteúdo manteúdo n’alma se apega
Edifício percebesse o sagrado na entrega,
A que todos se dão sem sentir, sem saber;
Só me resta então, na vertigem do crer
Que cicia nos vãos que separam os toques
E espreita na distância infinita das carências
Diz.par.idades nos são ímpares, à cada idade,
Se renovam, como novos renovos nos ares
Bruxuleia chama esperança entre teus pares
Tola criança, te li.que.é.feita, à toda prova
E que a todo dia, e à toda hora, se renova
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terça-feira, 10 de maio de 2011
CURTO OS CURTOS
SABOR.É.AR
Sedenta língua
Na tua, mingua,
Que sede tinha
Se ti me vinha
E antes te fosse
Eu vinho doce
Francisco de Sousa Vieira Filho
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DOIS VOANDO
A Paulo Leminsk
Ah, mar elo
Quer mar ave ilhar...
Mas elo se dá só se dando
Francisco de Sousa Vieira Filho
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DE.’RAP’.ENTE
Impera.a.dor diz.com.o.fio
Da navalha na garganta
Seja a flor que vaga em rio
Que te valha, como manta
Mina.a.dor que ao arrepio,
Por migalha seja, e tanta
Te proteja um cada pio
A verdade que te encanta
No furor de um quase cio
A-mor-talha como santa
Seu labor, um balbucio
Que te calha e se levanta
E um calor de todo frio
Te orvalha e desde a planta
Francisco de Sousa Vieira Filho
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POETAS
Se os poetas trabalham?!
Uns lidam com palavras
Outros, consentimentos
Francisco de Sousa Vieira Filho
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CIGANA
Ela lê gumes
Línguas e coisas
Inda mais afiadas
Francisco de Sousa Vieira Filho
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DIZ.SOM.ANTE
No mundo louco de hoje em dia,
Síndrome de Tom.é sabedoria...
Francisco de Sousa Vieira Filho
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DESENHO: Florian Nicole
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curtos
quarta-feira, 4 de maio de 2011
CURTOS [CIRCUITOS]
SE SOIS SÓIS
SEI-OS BEM
No horizonte dos lábios
É que se põe o sol dos seios
Francisco de Sousa Vieira Filho
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DESTINADA
Já bem próximo ao fim,
É que descubro,
Rubro, como o sol,
Tu não me deste.nada
Estavas...
E, logo, já não
Francisco de Sousa Vieira Filho
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CAMUFLAGEM
Ré.ti.sente
No disfarce,
E todavia,
Diz.farsa.a.tez
Toda a vez
Que te via
Em rota
De colisão
Francisco de Sousa Vieira Filho
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Ó, CULTA...
Mas se, à noite, és.tática
No momento, preciso
A necessidade é prática
Francisco de Sousa Vieira Filho
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MULHER
Da luz da criação, é a face
Mulher, flanco exposto ao mundo
E um coração batendo
É abundância remoendo
Porque dor no doar
E é sorrindo,
A despeito de tudo
Francisco de Sousa Vieira Filho
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SÓLIDO
Ao.ter.idade
Pára tanto
Que ao tê-la
Já não queria
Senão um querer
Outro
Solitária paragem
De um dia
Francisco de Sousa Vieira Filho
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CásAIS
Por que o “eu te conheci assim”
Só é válido pra você
E não vale pra mim?!
Francisco de Sousa Vieira Filho
-----------------------------FOTO: www.zupi.com
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sábado, 30 de abril de 2011
AFORA O AFORISMO, É QUE HÁ FORO E DESAFORO
EM.SINA
Muitas vezes, fazemos, tão-somente, aquilo a que fomos ensinados a fazer, sem discernir, ao certo, tais ordenanças sejam educação ou mero adestramento. Ignoramos, também, o rótulo de certo ou de errado que eventualmente pese sobre muitos destes ditames seja algo que nos foi legado, mas que cremos, intimamente nosso, a ponto de não podermos arredar do destino de segui-los... por vezes cegamente...
Francisco de Sousa Vieira Filho
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Conhecer os grilhões que te aprisionam não te torna menos cativo do que os que se julgam livres, sem que o sejam, só te torna mais triste com o viver no cativeiro. De vez em quando, se sente vontade de voltar para a Matrix...
Francisco de Sousa Vieira Filho
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Vi homens excelentes julgarem se bastarem a si mesmos, contentando-se com suas excelências, regozijando-se tão-somente em terem outros tantos, tão excelentes quanto, entre seus pares, e nada fazerem, nada produzirem de bom, de belo, de novo, de útil, nem mesmo de fútil, motivados sempre por este comodismo e pelo orgulho vão de serem excelentes. Um dia eles morrem e viram nomes de ruas de que ninguém se lembra.
Francisco de Sousa Vieira Filho
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Há um tipo de humildade nobre – a despeito da aparente incongruência entre os termos a que se ladeia – que só se encontra nos mais baixos e nos mais altos níveis. Esta não se vê, corriqueiramente, entre os médios.
Francisco de Sousa Vieira Filho
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The wisdom says:
The dark angel of vengeance
Have no freedom,
But too much power...
Choose one!Francisco de Sousa Vieira Filho
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IMAGEM: Jose A Gallego
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terça-feira, 26 de abril de 2011
DESMANTELO
DESMANTELO
O amor é muito mais que este vazio
Que insiste, clama por preenchimento
Queda sem tropeço, dor sem linimento
Nada pode revelar, porque é estio
Se fertilidade fosse, quando já se ia
Nessa perspectiva tosca, insana e fria
A qual se abraça e na qual se enreda
A quem só enfoca dissabor e queda
A que, nesta altura, já nem se mensura
Pesada usura a que cobra esta fissura
E já nem se conta, não mais que a ponta
Do iceberg, que, enregela a dor, entonta
Inteligentemente, é que o eco mente
E se até afagos cita, é que nada sente
Se desfaz num reverbério sem desvelo
A traduzir em nada o seu diz.mantê-lo
Francisco de Sousa Vieira Filho
IMAGEM: 32838601_4rpr7WWT_c.jpg [www.zupi.com.br]
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quinta-feira, 21 de abril de 2011
RASCUNHO & RATIO
RASCUNHO
Aprecio o quedar-se no rascunho
A beleza que se faça incompleta
Imperfeita, feita o próprio punho
Que, na criação, é desafio esteta,
Torto caminho, para bellum meta
Do que se quis fosse testemunho
Que mais belo do que a linha reta
É aquela, em que, com esse cunho,
Se despeça de pretensão perfeita
E que por amor à linha rarefeita
Nela inda mais gênio se pressinta
É o que sinto, quando, certa feita,
Se um fio escapa por tua nuca e deita
Te faz arte com a mais bela tinta
Francisco de Sousa Vieira Filho
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RATIO
A visão não confere a dimensão
Real, do que, de fato, possa haver
Nem leva à necessária conclusão
De que se baste ver pra conhecer
É estranho se precise ver pra crer
Como estranhos abismos o são
Os que se abrem entre ter e ser
E a tudo nubla, devora a menção
De que pra conhecer só baste ver
Quanto mais se demanda à noção
Quer tenhamos uma tal pretensão
Se é a razão que nos faz perceber
Ou se um dado inda falta pra ver
Que, de amor, careça a equação
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FOTO: mool-yer-zeen-ya.tumblr.com [ tumblr_lhussgff801qb97vko1_500.jpg ]
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