domingo, 29 de agosto de 2010
FRENTE & VERSO e BAFEJAR DE DEUSES
FRENTE & VERSO
No verso, toda folha tem ranhuras
São teias com inscrições obscuras
E veias de um amarelo insondável
Que, também, faz-se inquebrantável
Elo.si.dando aquilo que procuras
No seio, doutro seio, quer amável
Se quer dá-se além palavras duras
As que caídas em papel palpável
E atordoa outros papéis encena
A todos marca o mesmo triste emblema
Que amarela ou amarele, tudo quebra
E não se pode bem fugir a esta regra
Que amar.é.lá[r], pois aqui é só blasfema
Que, do outro mundo, a.mor te acena
Francisco de Sousa Vieira Filho
-------------------------------------------------
BAFEJAR DE DEUSES
À boca tua que ao mundo beija
Que outro sabor deveria afeiçoar-te
Senão o que mais tempo passa aí?!
O doce da hortelã que ela bafeja
Só, em fugaz instante, vem felicitar-te
Sonhos dum mundo distante daqui
Francisco de Sousa Vieira Filho
-------------------------------------------------
PORQUE BELO [E JULGO ATÉ MELHOR QUE O MEU], TOMEI A LIBERDADE DE PÔR AQUI, LADEANDO A ESTES, A RESPOSTA POÉTICA CARINHOSAMENTE FEITA AO SONETO FRENTE & VERSO PELA POETISA ADRIANA ARAÚJO DO POLENRADIOATIVO. ESPERO QUE APRECIEM:
Aquilo que na folha já nasce enraizado
Enquanto amarela, difícil é que pereça
Nas ranhuras, que aparece derramado
Ensina, de risco, manter distância ilesa.
Atento, há de ver em papel manchado
Triste alimento que lhe corre nas veias
Amarelo esquecido de um tempo gasto
Compulsão perdida contra sorte alheia.
Diverso seria escolher outra passagem
Quer amarele o inverso posto, medeia
Quando amor te calcina a vã miragem,
Em desamparo, na busca do que seiva
Amarelado cobertor d’uma escrita torta
No seio, a solidão do verso que mereça.
FOTO: Francisco de Sousa Vieira Filho
Marcadores:
filosófico,
soneto
Assinar:
Postagens (Atom)