Há tempos que não posto nada neste espaço... e venho cá pra comemorar a realização de um pequeno sonho: a publicação de meu primeiro livro... dentro de 5 ou 8 dias está saindo do forno meu livro de poesias... uma tiragem modesta - 500 exemplares pela gráfica do jornal "O Dia" daqui... eu mesmo estou custeando... terminamos hoje diagramação e arte no 'InDesign'... o pessoal da gráfica é super gente fina (Elane e João Paulo fizeram tudo com muito esmero)... ainda estou matutando onde fazer o lançamento... uma amiga jornalista e alguns colegas professores sonham coisas grandes demais para um livro tão modesto (risos), mas vou ponderar direito isso tudo... confesso curtir mais contos e o livro de poesias vai ser meio que cobaia pro outro, já com quase 120 páginas e gestando... o título é "Lira Antiga Bardo Triste"... casou bem porque não me preocupei em fazer uma seleção dos melhores poemas... poesia - no fim das contas - é desnudar-se, então pus de tudo, coisas novas e antigas, desde poesia de nível até aquelas candidatas ao prêmio "bela merda" rs... (deixo para que o leitor julgue)... também no fim das contas, nem sempre o que a nudez revela é algo belo ou digno de apreciação rs... ah, mesclei ainda poemas antigos, de métrica rígida e fechada (sonetos via de regra) e poemas mais soltos e contemporâneos, mas - ainda assim - prevalecem os primeiros, daí então o título... bem, aqui vai uma palhinha ou duas desta nova empresa pra brindarmos a isso... espero que apreciem...
ESPELHO
Não é com desdenhoso pouco espanto
Que se constata a distorção do espaço
Raro se desfigurar o rosto a cada passo
Subcutâneo nervo, alma e cada canto
A constatar com que natural desvelo
Náusea, ânsia, choque, fúria e pesadelo
De chofre, é que nos mostram o quanto
Em frágil e débil andor de barro, o santo
Na abissal ignorância é que se compraz
Infantil joguete de um infértil nomos
Fruto do quanto o ego, dominus loquaz
Faz diversa a tosca imagem do que somos
Que se brada a altivez do espelho canho
Se refestela’lma na putridão de antanho
PLURISSIGNIFICAÇÕES PLURISSIGNIFICANTES
Eco de palavras mudas à parede contíngua
Faz escorrer nos escombros destes cinzéis
O que pareceria seja morta a muda língua
No borbulhar de tinta bruta, os mil pincéis
Fazem flua fácil a textura deste texto ágil
De uns cem mil signos plurissignificantes
Num entorno louco de verborragia frágil
E já nem se diga o que é que fora dantes
Se no rutilar de madrepérola que melíflua
Molda em pedra o cárcere pedregoso chão
E faz com que do espelho na parede eflua
De tais palavras, inda que a menor noção