The Lair of Seth-Hades: 04/25/08
Arte: Meats Meier - http://beinart.org/artists/meats-meier/gallery/meats-meier-2.jpg

Presente do amigo Zorbba Baependi Igreja - artista plástico, poeta e um dos idealizadores da Revista Trimera de Letras e do Projeto Academia Onírica [poesia tarja preta].

LIRA ANTIGA BARDO TRISTE & LIRA NOVA BARDO TARDO

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sexta-feira, 25 de abril de 2008

NIETZSCHE TAMBÉM É RELIGIÃO


NIETZSCHE TAMBÉM É RELIGIÃO
Pensei que só eu visse isto... ergueram um pedestal para Nietzsche e tão alto que a crítica, seja ela justa ou não, séria ou deturpada, não o atinge. Nietzsche adorava destruir ídolos, fizeram-no um, e um do tipo invulnerável.

Há razões fundadas pra se criticar Nietzsche – discordância óbvia de idéias, sua fase irracionalista (se assim podemos nos expressar), etc. Há quem diga até que ele sequer seja um filósofo, pois não há justificação racional da grande maioria de suas idéias (ainda que muitas sejam evidentes, ou, quando muito, falem mais ao íntimo que ao intelecto). Dizem-no filodoxo (um amigo das opiniões), não um filósofo (um amigo do conhecimento), a maioria de suas obras sendo tão-só aforismática, atendo-se a máximas, frases desconexas de um conteúdo geral, meras opiniões emitidas sem fundamentação alguma, o que já seria uma crítica válida, embora aquela aqui levantada seja de ordem algo diversa.

Admiro-o, embora eu mesmo seja um crítico feroz dele, ou pelo menos – em maior monta – do modo quase que religioso com que o tomam, colocando-o num pedestal onde a crítica (seja ela séria ou não, justa ou injusta) nunca chega. Transformaram Nietzsche num dogma. Assim dizem seus prosélitos: "é porque você não tem olhos de ver, nem ouvidos de ouvir; não leu direito; não compreendeu". E terminam com o argumento 'altamente' racional: "Nietzsche é para poucos" – uma evasiva e um subterfúgio rasteiro pra quem não tem como contra-argumentar com um mínimo de razão.

Ora, Nietzsche encerrou em seu pensamento o maior dos sofismas: "sou para o futuro, sou para poucos, sou póstumo". Brilhante! Quem não o aprecie ou dele discorde, excluído já fica, como quem não o entendeu. Sim, colhi muito que me aproveitasse em seu pensamento, não nego admiro-o muito – e talvez por isso encontre lastro para criticá-lo (por que será que ninguém ousa usar os golpes do martelo de Nietzsche contra o próprio Nietzsche?!) Ora, tornar um autor avesso a todo e qualquer tipo de crítica, fazer de suas idéias um berço inatingível, como 'verdade pronta' (coisa contra a qual ele mesmo combatia), é – via de regra – o modo que o vejo sendo propagado. E isto, sim, é um desrespeito para com ele!

Nietzsche declarou a morte de Deus, e fizeram-no o próprio. Criticar Nietzsche, ainda que com razões dadas, é mexer num vespeiro, num artigo de fé, e o artigo de fé que ele se tornou chega a ser quase que do tipo 'fanática', inadmitindo críticas (ainda que devidas). Santo e perfeito, ele está erigindo-se qual um deus. Depois ainda há os que aventam da promessa de ressuscitá-lo como o Dionísio redivivo.

Das brilhantes defesas que de Nietzsche já ouvi, esta é impagável: "ou não leu, ou não entendeu", tornando-o, assim, avesso a toda e qualquer crítica. Sim, porque tivéssemos entendido com ele concordaríamos... risos... e cegamente! Religião para você é só instituição?! Nietzsche é – sem embargo de juízo de valor – adorado, idolatrado, iconizado (logo ele que combatia ícones) risos... e se o é, isto não pode ser, de todo, creditado apenas a seus "seguidores", mas a ele mesmo, fazendo apôr um sofisma bruto no teor de suas obras: "sou para o futuro, sou póstumo, sou para poucos." – “Não leu! Se leu, não entendeu!" – Ah, não é pra ler é pra estudar... e se se estuda, como inviabilizar a crítica?! Mas aí dizem que devemos nos desprender de nosso olhar crítico ao ler Nietzsche, nos privarmos daquilo que talvez seja a única defesa que temos para as meias-verdades, tolices com pretensão de aceitação o que já seria no mínimo uma piada. Se é para, diante da obra de Nietzsche, proceder assim... bem, só posso concluir que isto é fazer de Nietzsche religião. E ainda terminam por dizer que Nietzsche é para ser “sentido” e não “compreendido”.

Como diria uma amiga: "nunca tive medo de Nietzsche, mas sempre terei dos Nietzscheanos."

FRANCISCO DE SOUSA VIEIRA FILHO [1]

Também disponível em:
http://www.portalodia.com/jornal/pages/pdf_04-11-2007_6_
20071103145430.pdf




[1] Francisco de Sousa Vieira Filho é advogado em Teresina-PI, militando na área trabalhista, professor de Filosofia Jurídica e Criminologia (FAESF – Floriano-PI), especialista em Direito Constitucional e mestrando em Direito pela Universidade Autônoma de Lisboa – UAL.