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segunda-feira, 13 de setembro de 2010
COR.TE N'ALMÁ - prosas poéticas (I)
SERVO EM TI HÁ
Que escrever servo.em.ti a tem. Escrever não serve, é servido – tem posse, mando e domínios próprios. Não se enquadra fácil no rótulo utilitarista, como meio para se atingir algo, mas é fim [em si e por si]. É alvo, seta, alça de mira, disparo e projétil, deixando pólvora incombusta na passagem. Dizer sem dizer, eis a idéia! Ocultar sob os sete véus e sentir até onde ousa cada leitor se embrenhar. Ou se exerce uma crítica às vozes ou a elas bem se entrega, não há outro caminho. Escrever é vício e é terapia; é brincadeira e agonia [utopia?! - talvez]. A um só tempo ardor do sol e estio da treva. E é muito mais do que nos pareça, sob os véus em que se esconde essa vontade de grafar [como fizeram os primitivos] nossa parca passagem neste mundo full gás. É que é veículo com o que a alma enxerga mais. E se pressente urgências por trás das palavras, quando a poesia é carro.céu de fogo e veículo de sentires e forças que não pode conter – ela extravasa. Calar-se, então, que o amor fala mais, que o excesso de palavras só desfaz, a beleza destes tristes ais.
Francisco de Sousa Vieira Filho
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NA CUMEEIRA DO TEMPO
Acerto a seta ponteira com que teimo e tanto. Me fio, à linha inteira, dos ponteiros, quanto. E tento e limo e moldo me consigam manto. No fundo de meus ossos, soldo, forço até o pranto. E limo pele e alma, de profundo; e perco mais que a calma, o próprio mundo. Os pontos que da rinha, qual se advinha, eles me são. À porta deste céu me proteja o véu. Que se avizinhasse, mas não é nem tanto. E tão logo passe o seu triste canto. Ah, se isto fosse, mas é fosso e longe. Seu aroma doce bem distante passa. E num só instante ele se perpassa. Do tempo vil sem eira, a dizer se queira, tenha outra função; pois nem bem à beira, a razão meeira há de ter porção, co’essa a.parte inteira que é do coração. Só me resta então, nesta cumeeira do tempo ter comigo alento que consigo. E o pranto que o futuro inventivo inventa. No seu triste encanto, ele até que tenta – e sempre! É que força o ventre. Quer par.ir singularidades duplas, se só.lhe.dão isto. Quer-se algo novo e di.verso, mesmo nada possa haver de novo sob o véu do sol. E, assim, seguem os dias nesta dança, nos volteios e firulas de criança. E dispensa o ciclo todo, que o pêndulo só explica. Tudo recomeça, é o que, de novo, ele suplica.
Francisco de Sousa Vieira Filho
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PRIMITIVO
Deixar de estar e vir-a-ser, se se perde de si nas cogitações. Mas as raízes inda estão lá, ensinando o caminho de casa, como se falassem tudo o que quero dizer e não disse. Guardam aquilo que reside na proto-palavra, no seu nascedouro, berço de estrelas. Há um desejo de completude infindável nelas ou é o que há em mim ao lê-las antes de traçadas no papel. Sigo ponte.ilhando pautadas palavras precisas. E que ficariam melhor sem eles – os pontos. Perdidas umas das outras em dê.lírios ou dê.leites dom.di.verte também mel, sobretudo se lambidas por quem saiba. Uma flor.esta em que se perde para se encontrar o alter-ego poético alter.nativo.
Francisco de Sousa Vieira Filho
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Foto: André Gonçalves [redator, publicitário e fotógrafo piauiense] - Barco em Jeri - http://www.andregoncalves.fot.br/
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