sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
A MARÉ [BAIXA]
A MARÉ [BAIXA]
Amor se.quer regado
E volta a ser semente
Acaso desprezado
E, por mais que tente,
– Bem pode até morrer –
Difícil é de dizer
Se torna, ou se lhe vai
Qualquer que seja o ai
Maior ou diminuto
Se fica, ou se lhe resta
O véu que pela fresta
Lhe é mortalha, o luto.
Pequeno na passagem,
Inda que a menor,
É quase uma visagem,
Sabe-o já de cor
Caminho que de volta,
Regaço, seu descanso,
A prescindir de escolta
Quer aninhar-se, manso,
Tal dor que segue cego,
Em ondas espumantes,
Fulgor que já é só ego
Se perde nas vazantes,
[De há muito, se apagou]
Deixai, pois, lhe abracem
Qual não fizeram dantes
E é bom que logo passem
Tais ondas que só antes
Não lhe viravam o rosto
Que desgosto, face gosto
Na viração de amar é
E amarelo então se rompe
O sol, no horizonte, irrompe.
Francisco de Sousa Vieira Filho
IMAGEM: Francisco de Sousa Vieira Filho
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