The Lair of Seth-Hades: 2009
Arte: Meats Meier - http://beinart.org/artists/meats-meier/gallery/meats-meier-2.jpg

Presente do amigo Zorbba Baependi Igreja - artista plástico, poeta e um dos idealizadores da Revista Trimera de Letras e do Projeto Academia Onírica [poesia tarja preta].

LIRA ANTIGA BARDO TRISTE & LIRA NOVA BARDO TARDO

Galera, estou pondo uma conta PagSeguro à disposição, para quem [assumindo o risco por sua própria alma] tenha interesse em adquirir um de meus livros [Lira Antiga Bardo Triste ou Lira Nova Bardo Tardo]. O custo de cada exemplar é de R$ 10,00 + R$ 5,00 de frete. Valeu! :D

P.S.: a PagSeguro não fornece um sistema de cadastro de vários produtos, de modo que, quem efetue a compra, deve me enviar um e-mail [iarcovich@hotmail.com], ou mesmo me deixar 'comment' aqui mesmo num dos 'posts', dizendo qual exemplar deseja receber. Por hora, a forma de pagamento disponível é apenas a de boleto bancário. Amanhã já liberam pra cartão. ;)

Pag Seguro - compra dos livros

Carrinho de Compras

terça-feira, 17 de novembro de 2009

A SUTILEZA DA ARTE PRA QUEBRAR A LONGA AUSÊNCIA...




CORPUS CIRCENSIS

Para o amor, eu hei perdido o tato.
Que na peça da vida então me resta,
Se é só o encenar de um simples ato?
Deixar de a tudo antever pela fresta
É como melhor posso resumir o fato.
Se me basta, só, o ardor das meninas,
Adejo pra bem longe todo o fino trato
E me atraco feroz em suas ancas ferinas.

Francisco de Sousa Vieira Filho


ÂNSIA

Fome de ti
Sede de ti
Brilham no olhar
Dançam nas lágrimas
Escorrem nas páginas
E mesmo antes
De o solo tocar
Morrem
Ainda no ar

Francisco de Sousa Vieira Filho


ÚLTIMO LANCE

Lancei na tela cinza destes dias
Antes fosse fúria, antes desespero
Tão fartas cores e com tal esmero
O que pensei que só tu poderias
E a divisar sob essa leve cortina,
O que pra bem longe dessa sina
Quero espraiar tudo o que de bom
E fazer ecoar minha voz, o som
E o que de mais puro e belo há
Em mim, em ti se faça o atiçar
Como se um talhe do teu beijo
Aquele derradeiro, que deixou
Rasgue novamente o que ficou

Francisco de Sousa Vieira Filho


DIRETA

Ah, se essa dor de não te ter
Transladasse o espesso vão que há
Entre a vontade e o agir, a se fazer
Como se coisa real em seu lugar
A mais do que com os olhos entreter
[Tocar, cheirar, beijar, morder]
Pusesse então diante a me mostrar
O fulgor que habita neles, bem-querer
Estrangulando esse desejo de sumir
E em si fazendo novo o velho ar
Viria a uma vez mais te consumir
O que persiste em mim, a ti arder
Vontade de assim poder te amar
E só então nos poderemos possuir

Francisco de Sousa Vieira Filho


FOSSO


De explorar a geografia branca
Algo recurva de teu dorso
E nas tênues covas de tua anca
Demorar-me, resoluto
E tal seja o esforço
Sei que sentes
Quanto luto
Se entre dentes
Com uma rosa afagar-te
O rosto
É a ânsia de assim amar-te
Qual um corso
Porque amar
Ah... amar é fosso!

Francisco de Sousa Vieira Filho


SENTIDO

Das metas tuas, só metades
Se a ti eu peço: traga tudo
É que, por certo, eu trago tudo
Em borrifadas muito fartas
De nuvens extáticas de sonhos
E em longos e massivos haustos
Seguimos desatinando os nós
E por fim desafogamos sós
Dos temores mais medonhos
E assim se vai
A vida

Francisco de Sousa Vieira Filho


BRASÃO


A solidão ardente prega peças
Intensifica sentimentos poucos
Cria outros sentimentos tantos
Engana, mente e faz pareças
Vagar a esmo pelos cantos

Francisco de Sousa Vieira Filho

domingo, 4 de outubro de 2009


Convite: Lançamento “Lira Antiga Bardo Triste” - Francisco de Sousa Vieira Filho
Clube dos Diários - 19hs - 23.10.2009 (SEXTA-FEIRA)

O título de meu primeiro livro é "Lira Antiga Bardo Triste"... casou bem porque não me preocupei em fazer uma seleção dos melhores poemas... poesia - no fim das contas - é desnudar-se, então, se é pra fazê-lo que seja sem pudores... pus de tudo, coisas novas e antigas (embora prevaleçam obviamente estas últimas em relação ao todo)... e assim o fiz sem me preocupar muito em pôr uma ordem, seja ela cronológica ou de meu gosto pessoal (creio mesmo que poemas não têm data, são eternos e habitam num eterno presente)... com esse propósito, fiz uma miscelânea de tudo o que tinha: desde poesias de nível até aquelas candidatas ao prêmio "bela merda" risos... (deixo para que o leitor julgue)... também no fim das contas, nem sempre o que a nudez revela é algo belo ou digno de apreciação risos... como dizia, mesclei ainda poemas antigos, de métrica rígida e fechada (sonetos via de regra) e poemas mais soltos e contemporâneos, mas - ainda assim - prevalecem os primeiros, daí então a parte inicial do título (Lira Antiga)... já "Bardo Triste", por sua vez, se deve à temática mais rotineira em torno deles... é que os poemas gravitam, sobretudo, em torno de temas como dor e sofrimento, sentimentos enfim - embora encarados quase sempre com forte veia filosófica... mas é certo também que os poemas falam quase sempre do que não podemos transmitir a outrem com nossos signos primitivos... ousar poetisar é reconhecer, sem frustração, nossa incapacidade de comunicarmos certas idéias e sentimentos... e, sobretudo, reconhecer haja beleza nisto... bem, aqui vai uma palhinha ou duas (e da nova leva) desta empresa para brindarmos a isso... espero que apreciem... e, a despeito da informalidade deste convite, econsiderem-se e estejam todos - de já - convidados... um forte abraço!

Francisco de Sousa Vieira Filho



MEIO ASSIM...

Me sinto meio assim
Quando te dói em mim
Que sou teu meio-tudo
Se fico meio-mudo,
Tu falas por mim
Que sou teu meio-pai
E teu meio-amigo
Um meio teu irmão
E também inteiro-amante
Teu servo, meio-cão
Aonde for te sigo
E nesse meio estou
Um meio que teu filho
Por fim, se nessa arte
Exato meio eu sou
És tu aquela parte
Daquilo que me vou

Francisco de Sousa Vieira Filho


DESEJOS

Só um desejo oculto por vez
É que se revela
Por menor o toque, em tua tez
Tão alva e bela
O de querer te abrir a mente
Ou te escancarar as pernas
De um ou outro se pressente:
No negrume de cavernas,
Um se aterra e se oculta;
No alçar vôo e içar velas,
Outro assoma e avulta;
Por ambos
Em ti mergulho
Descambos
De meu orgulho
Um é sol
E o outro é lua
O crisol
E a fome tua
Se um vem, o outro se ia
Também morre e o outro vai
Mata a fome e se sacia
Estertor de um simples ai
De quem assim sente
E a si sente
Em eterno ciclo
E constantemente
E se em ti florir
Eu quereria
Florir-te-ei
Florir-te-ia

Francisco de Sousa Vieira Filho

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Lira Antiga Bardo Triste


Há tempos que não posto nada neste espaço... e venho cá pra comemorar a realização de um pequeno sonho: a publicação de meu primeiro livro... dentro de 5 ou 8 dias está saindo do forno meu livro de poesias... uma tiragem modesta - 500 exemplares pela gráfica do jornal "O Dia" daqui... eu mesmo estou custeando... terminamos hoje diagramação e arte no 'InDesign'... o pessoal da gráfica é super gente fina (Elane e João Paulo fizeram tudo com muito esmero)... ainda estou matutando onde fazer o lançamento... uma amiga jornalista e alguns colegas professores sonham coisas grandes demais para um livro tão modesto (risos), mas vou ponderar direito isso tudo... confesso curtir mais contos e o livro de poesias vai ser meio que cobaia pro outro, já com quase 120 páginas e gestando... o título é "Lira Antiga Bardo Triste"... casou bem porque não me preocupei em fazer uma seleção dos melhores poemas... poesia - no fim das contas - é desnudar-se, então pus de tudo, coisas novas e antigas, desde poesia de nível até aquelas candidatas ao prêmio "bela merda" rs... (deixo para que o leitor julgue)... também no fim das contas, nem sempre o que a nudez revela é algo belo ou digno de apreciação rs... ah, mesclei ainda poemas antigos, de métrica rígida e fechada (sonetos via de regra) e poemas mais soltos e contemporâneos, mas - ainda assim - prevalecem os primeiros, daí então o título... bem, aqui vai uma palhinha ou duas desta nova empresa pra brindarmos a isso... espero que apreciem...

ESPELHO

Não é com desdenhoso pouco espanto
Que se constata a distorção do espaço
Raro se desfigurar o rosto a cada passo
Subcutâneo nervo, alma e cada canto

A constatar com que natural desvelo
Náusea, ânsia, choque, fúria e pesadelo
De chofre, é que nos mostram o quanto
Em frágil e débil andor de barro, o santo

Na abissal ignorância é que se compraz
Infantil joguete de um infértil nomos
Fruto do quanto o ego, dominus loquaz

Faz diversa a tosca imagem do que somos
Que se brada a altivez do espelho canho
Se refestela’lma na putridão de antanho


PLURISSIGNIFICAÇÕES PLURISSIGNIFICANTES

Eco de palavras mudas à parede contíngua
Faz escorrer nos escombros destes cinzéis
O que pareceria seja morta a muda língua
No borbulhar de tinta bruta, os mil pincéis

Fazem flua fácil a textura deste texto ágil
De uns cem mil signos plurissignificantes
Num entorno louco de verborragia frágil
E já nem se diga o que é que fora dantes

Se no rutilar de madrepérola que melíflua
Molda em pedra o cárcere pedregoso chão
E faz com que do espelho na parede eflua
De tais palavras, inda que a menor noção