Em seu cálido seio acolhedor
segunda-feira, 1 de março de 2010
ANJO DE MIM
ANJO DE MIM
Quando o anjo cândido se distou de mim
Qual se sua simples ida me houvesse privado
Da própria vida, o frágil coração dilacerado
A dizer-me: tempo faz que ando triste assim...
Sem a doce palavra que minha’alma alimenta
O suave fragor de tão ansiosa tormenta
De envolvê-la, o corpo frágil, em meus abraços
Tão poucas vezes, quão fugazes os percalços
Sem o perfumoso aroma de sua pele nua
Que de cálidos sonhos povoa a alma inculta
Faz sofrer de querê-la e de querê-la inda não posso
Que por mais extenuantes sejam meus esforços
Não consegue mais calar ao peito a dor pungente
Tampouco, subjugar-me a alma inerte e sofredora
Que só peço a Deus que tão logo me socorra
Possa eu provar de novo uma tão desejosa companhia
E acalentar-me em seus alentos, na sequiosa porfia
De pousar a sofrida cabeça uma vez ainda
Em seu cálido seio acolhedor
Em seu cálido seio acolhedor
Francisco de Sousa Vieira Filho.
FONTE: VIEIRA FILHO, Francisco de Sousa. Lira Antiga Bardo Triste. Teresina - PI: Gráfica e Editoria O Dia, 2009. v. 500. p. 12.
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27 comentários:
Os anjos merecem ter poetas, falando de forma dão intensa e bela.
Me emocionou. #prontofalei.
beijinho
A eterna busca pelo eu-mesmo que se traveste em asas d'anjo.
Nada mais egoísta que a alteridade, pois!
Gostei do poema - bastantão!
Abraço, véi!
Caraca, acertou na mosca, Henrique... Forte abraço! :)
Esta a intenção... quando se concretiza, tanto melhor então... Valeu, Silvia, forte abraço!
Que lindo guardião de poesia.
Adorei.
Beijos.
Valeu, Lara. Beijão! ;)
Onde aprendeste assim a ser lírico? De onde trazes trovadorismo tão épico? D'além mar? Minha nossa senhora do céu quanta erudição!
Um abraço!
Valeu, Léo... certas coisas não se aprende, se traz consigo (de vidas passadas, talvez)... [embora haja as que se aprendem rs...] brincando...
Forte abraço e valeu pela visita!
:)
Francisco,
Certos disfarces fazem o anjo parecer até acessível. Se fora, o poeta não se amofinaria tanto com isso.
Abração.
Uma bela metáfora para um reencontro com você mesmo. Um poema se faz e um anjo requer um colo onde deitar seus desalentos. Também gostei bastantão. Bj
Bem preciso, Adriana... o legal foi personificar esse anjo interior de uma figura feminina - dando um tom dúbio, ora de uma perda amorosa, ora de uma perda íntima [interior]...
Bjão!
;)
O anjo seria meio que a máscara ausente, Marcelo... talvez não haja como não se amofinar com isso... :D
Forte abraço!
O anjo teu que a ti volta. talvez tenha esquecido as asas, ou por medo de voar.
Um poema fantástico. Dá gosto de ler, diversas vezes. quisera eu, saber escrever desta forma. Mui belo.
abraço.
hoje os anjos me cercaram
fizeram de mim instrumento do seu querer.
Obrigado, Vinícius, seja bem-vindo por cá... :)
Quiçá pudéssemos seguir [sem tanto recalcitrar ante os aguilhões] querer similar ao deles...
Forte abraço, Mateus...
Lembrando cá, outro dia mesmo disse e me dava conta, o contato com quem lê, saber suas impressões, interpretações, o sentir que um texto meu lhes causa, é isso que vale e enriquece... nos dá a real e precisa expressão de que a arte, ao se concretizar [para além das idéias], já não é mais nossa, já não nos pertence - pior: não pertence a ninguém, tem vida própria...
A mim muito me honra poder compartilhar da beleza de tuas poesias. Hoje fiquei especialmente emocionada...
Obrigada!
Beijinhos e te cuida.
Eu é que agradeço, Pétala, forte abraço! :)
Lindo...
Boa sorte na busca por seu anjo.
Por mais complexa que seja essa busca, é, afinal, nossa causa de viver, nos descobrir.
Grande abraço do blog Hotel Crônica
Por mais árdua que seja essa busca, nunca devemos desistir!
O que me encanta mais é o poder que os poetas têm para envolver o leitor do ínicio ao fim.
Já li alguns trechos do seu livro.
Na cabeça vem sempre várias interjeições que suas poesias são capazes de nos arrancar.
=)
Beijos!
P.S: Algumas pessoas já tiveram a mesma dificuldade para achar o balãozinho pra deixar comentário...kkkkkkkkkkkk
Agora já sabe!
;)
Valeu, H. Crônica, é aquela coisa: fosse fácil todo mundo conseguia e ninguém dava lá muito valor rs... brincando... forte abraço!
So, I´ll never gave up... :D
Quisera colocar também interrogações além de arrancar interjeições rs...
Bjaum, Dina! ;)
Nossos anjos de nós jamais se afastam... Nós, é que cegos, não podemos vê-los. Gosto muito do tom da tua poesia, Francisco. Também me sinto alma antiga (destinada a viver no exílio hodierno). :) Abraço!
Oi, Nydia, é engraçado o quão comum é as pessoas [e nós inclusos nisto, claro] sentirem saudades de não-sei-onde, sentirem falta de não-sei-quem... somos seres do encontro, óbvio... uma criança recém-nascida, sozinha, não tem capacidade de sobrevivência alguma... aliás, só adquire boa parte de sua "humanidade", ouvindo as vozes dos pais, aprendendo do mundo-humano-criado paulatinamente - enfim, precisamos do outro em diversos níveis... mas outra coisa é esse saudosismo que transborda, essa sensação de não-pertencimento ao aqui e ao agora... saudade de lugares que não vimos, de épocas em que não vivemos [ou que pelo menos julgamos não termos visto ou vivido... provável por termos bebido das águas do letes antes de tornarmos cá] :D Viajei demais rs...
Beijão, Nydia!
P.S.: ah, só a deixa... e acaso reecontrar-se [se daria em momento diverso ou] seria algo diverso de encontrar-se com o outro, com o par, aquela a quem se deseja, quer e ama? - pra se pensar... dos sentidos, valem os dois... :D
Pleno e intimista. Me faz lembrar do clima de Dante na "Vida nova". Quém sabe, quizás seja certo isso que vc dice de as vidas passadas...
Do corpo amado, o perfume vira relíquia no tempo.
Seria um sonho, cara Lisarda, e mais justo até... o contraponto é, qual nos diria Sócrates, acerca do criminoso que vê no vazio e no fim [definitivo], no noumênico nada, um prêmio... ele, que cometera crimes e toda a sorte de atrocidades, teria o mesmo fim que o bom e o justo... seria estranho, não?! Faria deste nosso viver por cá, qualquer direcionamento que tomemos na vida, algo sem muito sentido...
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