sábado, 19 de maio de 2012
VOZ.E.FERA SETE.CISMO
VOZ.E.FERA
SETE.CISMO
É a bomba que dá azo ao iso
Rasga céus com o seu
uivo em queda
No dual, que torna o
caos preciso
A findar o que já se
degreda
Sem planar que, com seu voo,
medra
O que trás com seu labor
conciso
De agourar, teu coração
de pedra
Toda ordem pôr em
sobreaviso
Nesse esforço já não
mais contido
De partir o que já
dividido
Conteúdo que, contudo, pesa
Uma fria voz como que reza
E professa o que já não
tivera
‘Desconstrói-se pra
construir
Pra erguer, tem de algo
ruir’
Não daria mais do que se
altera
Tolo algoz que se
desfaz, quimera
Por perder que já não
mais, quisera...
Já não sei se lhe apraz
só isso
Renascer só por ter sido
omisso
Ação em que se fez titeriteiro
Que se ri ao ver no olho
doutro argueiro
Se no alheio o que lhe
insiste e pesa
É exato o que em seu
mesmo lesa
Francisco de Sousa
Vieira Filho
DESENHO: William Blake
terça-feira, 8 de maio de 2012
SI-LENTE PARA O AMANHÃ OU AUTRE TEMPS
SI-LENTE
PARA O AMANHÃ
OU
AUTRE TEMPS
Na cronologia
Do cretáceo,
Secreta
Segredos
Tão seus.
Vitimado
Por quebrantos
E encantos
Como.é.teu
O cúmulo
De acumular
O que viveu;
Abarrotar
Folhas
Rasuradas,
Indeléveis
E pulsantes
Nas gavetas.
Não as digeria,
Nem as queimava;
Não se dava
Pautas brancas
E vazias.
Trazia, vivas,
Anjas nuas,
Lépidas e lascivas,
A lhe morderem
O peito,
Por dentro;
E a girar
Anti-horário
Esmerilhando
O conta-giros
Dos dias,
Faziam-no rever
E reviver
Cada gota
De dor
Partilhada
E partida.
E, sabia,
As traria
Impecáveis, ali.
Elas,
Cada uma
Delas todas.
Talvez
Pra sempre;
Talvez
Por uma vida
Inteira;
Talvez mais;
Talvez...
É que o pior, sabia,
Não é o que morre
Quando tudo acaba
É o que fica vivo
Por dentro
Quando tudo
Acaba
ou morre.Francisco de Sousa Vieira Filho.
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