quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
O SEGREDO DO ABISMO
E pelas vagas seguirei inconformado,
Negando-me até o menor linimento,
Se me oculta o rumo, o firmamento.
Tão certo quanto a amplidão do mar,
Se é vivendo que se aprende a viver,
Que por certo é imprescindível crer.
Preciso se faz beirar o tredo abismo
E saber menos dista o distante cume
De um tal lugar, sem qualquer lume
Num tal buraco que não tenha fundo
Que se saiba ser inútil se desesperar
Que isto não é nunca o fim do mundo
Francisco de Sousa Vieira Filho
FONTE: VIEIRA FILHO, Francisco de Sousa. Lira Antiga Bardo Triste. Teresina - PI: Gráfica e Editoria O Dia, 2009. v. 500. p.11..
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16 comentários:
"E se um triste evento nos faça quedar
Num tal buraco que não tenha fundo
Que se saiba ser inútil se desesperar
Que isto não é nunca o fim do mundo"
Se o fim do mundo, contudo, for iminente
Desesperar será igualmente inútil
Mas como é inútil tudo aquilo que se sente
Que o último seja o meu instante mais fútil
Grande abraço
Depois de um dia calorento e exaustivo, passei por aqui, para refrescar a alma... saio feliz.
beijinho
Oi, Sílvia, tudo bem? Dias calorentos por cá também... aliás, aqui quase nunca há dias amenos rs... que a arte, mesmo a minha arte menor, possa ser alimento pro coração e pra alma - e como disse traga algum refrigério também... Bjaum! Forte abraço!
Muito bela a versão, Fred... seja bem-vindo sempre! :)
francisco,
augusto dos anjos fez história, deixou sementes...
vejo AA frutificando em novos talentos, como você.
benditos sejam!
abração do
r.
Valeu pelo elogio, Roberto... espero Augusto não estremeça no túmulo [risos]... brincando... vão aqui três sonetos bem ao estilo de Augusto pra brindar...
ILUMINADA SOMBRA
A Augusto dos Anjos
A vida demandava louca, e ele imerso
Em idéias que, triste, contemplava
No âmago do intelecto que pensava
Na vastidão do homem e do universo
Da treda vida o interesse diverso
Elevava-o a um plano que vibrava
Na escuridão, donde, talvez, brotava
O arcabouço incisivo do seu verso
E emudecera o gênio inimitável
Do qual a melancolia era inseparável
E cuja miséria aceitava a custo
E Deus ordenaria ao verme o envolvesse
Que eternizaria, quanto mais roesse
O legado inolvidável de Augusto!!
Paulo Henrique Alves Ferreira
http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?origin=is&uid=14698881415269779372
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Do limo
Eu penso, carrossel não é hipismo,
Eu penso antes da cunha da Suméria.
Dispenso o vão consenso porque cismo,
Eu cismo pela azêmola da artéria.
Altíssimo faminto por abismo,
Direto para a fenda na matéria,
Mistério que é de dentro, cataclismo,
Um selo para a trama deletéria.
Abrindo-se no pântano, pungente,
Brotando para a seiva de meu imo,
A vida à superfície intransigente
Demonstra a mim o monstro que sublimo:
Se o fôlego na argila me faz gente,
Ascendo messiânico do limo.
Henrique Pimenta
BAR DO BARDO
http://dobardo.blogspot.com/2010/01/do-limo.html
ESPELHO
Não é com desdenhoso pouco espanto
Que se constata a distorção do espaço
Raro se desfigurar o rosto a cada passo
Subcutâneo nervo, alma e cada canto
A constatar com que natural desvelo
Náusea, ânsia, choque, fúria e pesadelo
De chofre, é que nos mostram o quanto
Em frágil e débil andor de barro, o santo
Na abissal ignorância é que se compraz
Infantil joguete de um infértil nomos
Fruto do quanto o ego dominus loquaz
Faz diversa a tosca imagem do que somos
Que se brada a altivez do espelho canho
Se refestela’lma na putridão de antanho
Francisco de Sousa Vieira Filho
http://seth-hades.blogspot.com/2010/02/espelho.html
Francisco, em todo abismo tem uma mola que nos lança acima do chão quando não tememos a queda. Forte abraço.
...ou passagem secreta de volta pra cima... forte abraço, Paulo Jorge! :)
Almas especiais tem os poetas, nao tenho dúvida disso.
Virei sempre alegrar minh'alma no seu canto tao acolhedor.
Beijos.
Forte abraço, Pétala, seja bem-vinda... é como dizia há pouco: se a arte-menor deste humilde bardo puder ter esse condão [o de alegrar almas] já terá valido... ;)
eu sempre venho por aqui, e nunca sei o que falar... tamanho o meu encantamento diante de tuas palavras...
Então passei para agradecer tuas visitas e teus comentários...
Meu silêncio não significa ausência...
Grande beijo...
e lindo blog!
Oi, Kelly, tudo bem?
Agradeço as visitas, mesmo as 'silentes'... por vezes o silêncio fala mais, mas não seja tímida, sempre que quiser falar por cá, fale, seja o que for, o que quiser... a idéia é seja este um espaço é aberto - existe pra isso mesmo [externar o que se queira, do modo como se queira...]
Bjaum!
;)
Beira de abismo é colo de Deus. (Obrigado ela menção - honrosa.)
O que é visita silente? É o lente surdo-mudo que se visita a si mesmo próprio em ego?
A menção foi mais que devida, Henrique... no soneto, sobretudo, maestria igual nunca vi...
kkkkk... pode ser visita sem lente... aí não é só surdo-mudo, mas míope também rs...
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