VENDETTA
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
VENDETTA
VENDETTA
(a Felicidade de Goethe e a dor de Ihering)
I
Não chores por ter sido tu
Por outrem, calcado aos pés
Outro dia ainda nasceste nu
E isso não te foi por revés
Os que julgam fazer-te o mal
Não angariam sequer vinténs
Do maior bem celestial
Lutando por tesouros desta terra
E bem longe do Tesouro jazem
Se em todo mal que perfazem
Tamanha tristeza encerra
II
É com o esvoaçar das pétalas da rosa
Que se percebe ali todos os males
Não estando enxertos na fibra aquosa
De que nos falava um certo Tales
Sendo a vida a doce infância
Desses seres de essência imortal
Encerrada num corpo simial
Desperta, ó criança, sem temor:
Nasceste pra saber que um dia perderás
Tudo a que nesta vida te apegas e dás valor
E o Tesouro da Verdade cultivarás
Sem de novo sentir fome, frio ou dor
Francisco de Sousa Vieira Filho
FONTE: VIEIRA FILHO, Francisco de Sousa. Lira Antiga Bardo Triste. Teresina - PI: Gráfica e Editoria O Dia, 2009. v. 500. p.17 e 18.
Marcadores:
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22 comentários:
Adoreiiii *-* lindo ! lindo !
Valeu, Chili... "241543903" pra esfriar a cabeça rs... Bjaum! :)
faz pensar sobre nossa condição aqui na Terra.
Oi, Mateus, meio-místico e em favor de resignação quase beata, fulcrada na imortalidade da alma... :)
Vc é Feraaa!!!
o profile do orkut:http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=975602786273703739
beijos.
Obrigado, Felina, tá 'ADD'... ;)
Francisco,
Apelo à transcendência em clássica moldura/ formatação.
Quase-beato? Não.
Sensato.
Abraços.
Poxa!
Muito pesado e, também, muito bonito.
"Mal maior a si mesmos fazem"
E, sempre, o mal revela a sua
enorme ignorância.
Concordo em tudo.
Obrigada por comentar
em meu blog e já estou lhe seguindo!!!
Abração!
Francico, quantas referências, tá até parecendo ellenismos, mas de um modo mais... lado negro, por assim dizer. adoro mitos, vendetta (mais HQ que filme). enfim, gosto daqui.
um beijo.
Oi, Marcelo, tudo bem?
É que em nome da transcendência [e talvez do tema] maculei um pouco a forma... por vezes sinto fica meio piegas, discurso apaixonado demais... :)
Oi, Marina, tudo bem? Seja bem-vinda! Penso haja algo como que uma ação e reação em campo moral... o revés pode demorar, pode ser nem vejamos, mas quem mal agiu, mal terá... não que isto soe como uma vingança, é algo que retorna, é natural, como quem dando um soco na parede sente a força co-respectiva - o vingar-se do texto é que seria atar-se ao ciclo, recebendo o mal querer pagar com o mal [mal maior a si mesmo faz, quem mal faz]... Ou, como já diria alguém mais sábio: "a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória"... eu diria: "pode plantar limão, mas não vai colher maçãs, nem mangas, nem cajus, vão-te os limões mesmo!" rs...
Beijão e mais uma vez sinta-se em casa...
Boa tarde, moço!
Bem, seria leviana, se apenas a uma primeira lida, emitisse minha opinão...rs
O poema é de uma profundidade que chega a doer...
E bem ilustra a frase: "De nada adianta toda luta e toda guerra Se em mal que perfazem Tamamha tristeza encerra.."
Muito forte...
Estive lendo as postagens antigas, um poeta inspiradíssimo!
Já estou te per-seguindo...rs
Voltarei mais vezes para uma lenta degustação...
Beijos!
Oi, Nina, as referências em seu Ellenismos foram justo as características que mais me atraíram... o VENDETTA aqui é como se alguém sábio como o Cristo ou Sócrates ou Gandhi ou Mandre Tereza, etc exorcizasse quem queira, tendo sofrido com o mal, pagar com igual moeda; mostrando que o mal a si se paga [e mais mal sofre quem ele pratica]...
Lembro de um texto infantil que um amigo me repassou. Dizia de uma criança que havia brigado na escola e estava com muita raiva do coleguinha com quem tinha tido o entrevero. O pai, muito sábio, esvaziando uma saca de carvão, manda o menino jogue cada pedaço num branco lençol que a mãe pusera no varal. Atirando os pedaços de longe, que leves desviavam pelo vento, poucos encontravam no lençol seu alvo. Terminado o dia, o pai mostrava ao menino que ele estava mais sujo que o lençol e que - exatamente assim - era como se dava quando se deseja o mal para alguém [você pode até acertar, mas a quem você primeiro acerta é você mesmo]...
Noutras palavras, li em algum lugar algo assim: zangar-se com alguém, ter raiva, desejar-lhe o mal, seria como tomar veneno e esperar que o outro morra... rs... :)
Oi, Ava, bem-vinda!
À primeira leitura - posso atestar - já captou a idéia... [sem condescendência, nem leviandade...] rs... ah, o tema casa bem com o "minhas vidas" [e com a idéia de pluralidade delas...]
Segues cá?! Já sigo lá! :)
Um forte abraço! E mais uma vez fique à vontade neste cantinho, que é nosso...
;)
P.S.: é este diálogo cá, dos comentários, que mais torna frutífera a idéia de compartilhar pensamentos, textos, poesias, etc... Bjão! ;)
e eu costumo dizer: abacaxi não vira uva. rs
texto bem construído, reflexivo...
Abraços, meu caro!
Abacaxi não vira uva é boa rs... bjão, Lu! ;)
Nossa, isso é uma vingança do criador, ou uma birra da criatura?
De qualquer modo, mandou bem!
Penso seja lei cósmica universal rs...
Bjaum, Walkyria, seja bem-vinda...
;)
Seu blog é o máximo.
Estou sem tempo agora, portanto li pouca coisa, mas em breve lerei com mais calma...
abraço de quebrar a costela.
Você vai longe, e rápido, por vezes. Não acompanho direito. Mas não espere por mim.
Abraço!
Valeu, Hotel Crônica, seja bem-vindo! ;)
Ihhh são textos do livro, Henrique, nem de longe acompanho seu ritmo - é quase um poema novo dia [isto pra não falar da qualidade...]
Forte abraço, hombre!
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