quinta-feira, 17 de abril de 2008
DE ONDE VEIO A INTELIGÊNCIA
DE ONDE VEIO A INTELIGÊNCIA
De onde veio a inteligência?! – Do pé!!! – Por absurda que possa ser a afirmação, creio seja isto. Da Vinci já diria que o pé é a maior obra de engenharia da natureza.
Reportagem de Julho de 2006 da Revista “National Geographic” (p. 109 e segs.) nos reporta ao fato de que teria sido a modificação de nossos pés – antes similares às mãos, como nos demais primatas – que permitiu passássemos a andar de modo ereto, poupando, assim, considerável quantidade de energia antes utilizada na locomoção, energia esta necessária a garantir o aumento de nossos cérebros, os quais foram nutridos com a sobra deste excedente. Teria sido isto também o que deixou livre o uso das mãos, tornando-as passíveis de não terem sofrido a mesma diferenciação em relação aos pés, agora adaptados à locomoção.
Dessa possibilidade do uso das mãos, o surgimento do polegar opositor, permitindo o movimento de pinça com os dedos, associada a um cérebro mais adequado, propício ao desenvolvimento da razão, é que surgiram as ferramentas, e então o homem passou a modificar sua realidade externa, não mais como um animal, mas como um ser coroado com a razão, desperto para a diferença que há entre si e tudo o que o rodeia, consciente de sua individualidade. Mas a que preço?
Fôssemos proceder a uma leitura mais simplória e cotidiana da “lei de conservação”, compreenderíamos que nada se pode criar do nada, ou melhor, que para se conseguir algo de valor deve-se ofertar algo de valor similar. Troca equivalente?! – Talvez – Mas, nestes termos, quem teria pago o mais alto preço evolutivo seriam as mulheres: o andar ereto e a perda da coluna curva, tornaram ao parto o processo doloroso que é.
Viagens à parte, não podemos também categoricamente dizer que foi o uso das mãos que nos conferiu racionalidade, antes, mais fácil crer, que a racionalidade foi necessária para que, utilizando-nos das mãos como instrumental, pudéssemos modificar a realidade exterior – embora eu mesmo pense seja uma via de mão dupla: a experiência com o uso das mãos ofertando-nos o paulatino despertar da razão, ao passo que, quanto mais "espertos" ficávamos, melhor uso das mãos fazíamos, ou seja, produzíamos obras mais precisas, úteis, delicadas, artísticas, etc. A atuação conjunta de ambos os fatores foi necessária. Acostumamo-nos a respostas simples e o complexo – ainda que mais evidente – parece ser algo difícil de aceitar.
FRANCISCO DE SOUSA VIEIRA FILHO [1]
Também disponível em:
http://www.portalodia.com/jornal/pages/pdf_05-01-2008_6
_20080104220153.pdf
[1] Francisco de Sousa Vieira Filho é advogado em Teresina-PI, militando na área trabalhista, professor de Filosofia Jurídica e Criminologia (FAESF – Floriano-PI), especialista em Direito Constitucional e mestrando em Direito pela Universidade Autônoma de Lisboa – UAL.
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