Francisco de Sousa Vieira Filho
* conhece-te a ti mesmo - lema e baliza utilizado por Sócrates, presente no oráculo de Delfos
Homo res homine sacra. Noli foras ire, redi ad ti ipsum. In interiori homine habitat veritas. Nosce te ipsum - Gnothi seauton. Veritas lux est. In eo vivimur, movemur et sumus. Nisi credideritis, non intelligentis. In'lak ech.
À guisa de explicações quanto ao título do blog...
Seth era tido como o deus dos estrangeiros, no Egito Antigo. Paulatinamente, sob a óptica dos seguidores das divindades reinantes então, assim tomado como deus do mal... também fora alcunhado como o deus egípcio da violência e da desordem, da traição, do ciúme, da inveja, do deserto, da tempestade, da guerra, dos animais e, sobretudo, das serpentes. Seria a encarnação do espírito do mal e irmão de Osíris... traído por sua irmã-esposa Néftis com seu irmão Osíris, confabula sua vingança, almejando a coroa do irmão, e, por fim, consegue matá-lo; sendo mais tarde, porém, assassinado por seu sobrinho Hórus (filho de Osíris e Ísis, de quem se diz seja a reencarnação do próprio pai)... por isso, também tido como o maior defensor dos oprimidos e injustiçados... A história do longo conflito entre Seth e Hórus é vista por alguns como uma representação de uma grande batalha entre cultos no Egito, no desfecho da qual o culto vencedor teria transformado o deus do culto inimigo em deus do mal. Seth é, na verdade, a representação do supremo sacrifício em prol da justiça.
Hades, por sua vez, era, na Grécia Antiga, o deus do submundo e das riquezas dos mortos e sob a terra; guardião de todo o Hades, termo usado para designar tanto o deus como o reino onde exerce seu poder e mando. Seus domínios abrangiam todo o plano espiritual mitológico, por assim dizer, desde os Elíseos (paraíso) até o Tártaro (inferno); por vezes, também tido, sob o nosso olhar de hoje, como deus do mal, bem como seu reino erroneamente cognominado inferno (estranho, uma vez que abrangeria também o paraíso – Campos Elíseos)... Segundo a lenda, o poder de Hades, Zeus e Poseidon era equivalente. Mas Hades era um deus de poucas palavras e seu nome inspirava tanto medo que as pessoas procuravam não o pronunciar. Era descrito como austero e impiedoso, insensível a preces ou sacrifícios, intimidativo e distante. Invocava-se Hades geralmente por meio de eufemismos, como Clímeno (o Ilustre) ou Eubuleu (o que dá bons conselhos). Seu nome significa, em grego, o Invisível, e era geralmente representado com o elmo mágico que lhe dava essa habilidade, que ele ganhou dos ciclopes quando participou (ao lado de Zeus) da guerra contra os titãs (liderados por Cronos). No fim da luta contra os titãs, vencidos os adversários, Zeus, Poseidon e Hades partilharam entre si o universo, Zeus ficou com o céu e a terra, Poseidon ficou com os mares e Hades tornou-se o deus do submundo e das riquezas. Era também conhecido como o Hospitaleiro, pois sempre havia lugar para mais uma alma no seu reino. Ao contrário do que algumas pessoas pensam, Hades não é o deus da morte, mas sim do pós-morte.
Feitas estas considerações, saiba o viajante-amigo, este é um lugar de desgarrados, um lugar de acolhida, daqueles que são rechaçados pela simples pecha da diferença, quando normalidade – sabido é – constitui a mais treda ilusão... acomode-se, viajor cansado... liberte-se do pó e da vertigem da jornada... e se permita, então, palmilhar cada canto e perder-se nos profundos meandros e sinuosidades do covil... conforto não há em suas paredes, com sombras e profundezas sutis, mas há tesouros em seus caminhos e sincera é a sua acolhida... pão humilde de uma arte menor e água sincera da boa amizade te são ofertados a mancheias... As portas da covil de Seth-Hades estão abertas...
19 comentários:
É-se alguém, essencialmente; torna-se outro, necessariamente.
Beijo.
Sê, pois! Ou não?
O ter nos faz deixar ser? - Eis a questão... :D
Beijão, cara Lara!
;)
Se pois não...
Sê, pois, não...
Sê, pois?! Não!
Sê, pois! Ou não?
Ser ou não ser?
Ser ou ter?
:D
Que seja então... :)
Forte abraço, Bardo!
Nunca sei o que dizer quando leio teus poemas, neles há tanta coisa que tranpõem a barreira da compreensão! Em outras palavras: Tu me funde a cuca!
Um abraço!
Ainda assim, me lês, e isto muito me honra, Léo... Forte abraço! P.S.: ainda estou com o "retrato de Karem" na cabeça... excelente!
Francisco
Que lindeza o seu blog!
Que maravilha a sua poesia!
Quanto talento!!!
Sou do tempo em que, num caso assim, se dizia: "Benza Deus!"
Então, Francisco... "Benza Deus!!!"
Um abraço
PS-Sou muito grata pelo seu comentário no Diálogos Poéticos...
Muito bem! Eu gosto deste brincar com os sons, além da substância... E a repetição dos sons nas palavras escolhidas... Assim sincopados os versos como, por exemplo: "Na tola luta vã que em teu porém te quer".
Tá-se bem!
:))))
Oi, Zélia. Obrigado! Espero fazer jus ao benzimento rs... Um forte abraço e seja bem-vinda! :D
Oi, mdsol, outrora eu brincava com as palavras, resolvi aqui brincar com os sons também... que bom que gostou.
Um forte abraço!
;)
E aqui incorporou Clarice, também? =D
Gostei de suas palavras.
^^
Aqui foi um poeta louco, da geração beata do pós-hecatombe rs...
Valeu, Maria, seja bem-vinda!
Beijão!
:D
Vejo-o em alguns blogs {que seguimos]em comum...
E eis que gostei muito do que leio!!!
Concordo com o comentário acima, quanto ao seu brincar com as palavras e sons!... O modo como selecionou e encaixou as rimas, li[n]do!
"Sê, pois! Ou não?" gerou outro poema... adorei!!!
Abraços encantados =)
Bem-vinda, Nadine... visitei agora teu espaço "Lá... Pois... ia" muito bacana! Seguindo lá também... beijo, menina! Brinquemos pois com palavras e sons e tudo o mais... ;)
Se é...
" E é o teu legado por refém...."
E assim, nos perdemos em ser ou não ser...
E no final nosso legado é nosso fardo...
Como diria minha filha:
Muito louco! rs
Beijos e carinhos meus...
Beijão, Ava! Seja a amizade o meu legado... ;)
sejamos, pois - serenos
então seremos
o que quisermos - ou não
muitas vezes não te alcanço, francisco - mas gosto de tentar te traduzir. toda boa poesia requer tradução - ou não :) beijooo.
Confesso, também nutro certa rejeição [à primeira vista] pelo texto fácil... o texto que me cativa é o que oculta uma sua face [de Jano] no mistério... mas é de lua: por vezes aprecio o simples e a candura, mas o normal, o normal mesmo é apreciar o que se esconde nas sombras... quando por cá, traga uma tocha em mãos sempre! :D
Quanto a este, além do brincar com palavras e sons, o sentido é forte: Gnothi Seauton é o lema de Delfos que Sócrates trouxe pra sua vida: "conhece-te a ti mesmo" e o texto [pensa o meu ego] não desmerece: aborda justo o primado do ter em detrimento do ser - o mal maior de nossa era [talvez apenas o mal maior do Ocidente, quando não, do Capitalismo, mas, ainda assim, um mal - e grande...] Aprecia-se o culto a Mammom [na bíblia descrito como o deus fenício do dinheiro e das riquezas], ao passo que se despreza as coisas da alma. No simples: prefere-se o que se tem ao que se é... Viagem!!! rs...
Beijão, Nydia!
Falar curso rimado por la cuadernavía
issa é, Francisco, a novísima maestría.
Pues Misterio y Razón transitan por tu vía,
celebro, de tus versos, a Eleusis y a Sophía.
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