quinta-feira, 11 de março de 2010
FIAT LUX - MINOR
FIAT LUX - MINOR
Criar não é algo que surge
Do âmago é que regurgita
É como um apelo que urge
Acessos de um’alma aflita
É qual uma dor que refulge
Um nada, que do nada grita
Um reconhecer-se que ruge
O olhar que a si mesmo fita
E é carência que a si sacia
A transcrever em mímese
Ainda que só por hipótese
Aquilo que em si já se ia
O que for capaz de revirar
O que se nos haja de inato
E por fim é ainda o copiar
E refazer tudo num só atoFrancisco de Sousa Vieira Filho
FONTE: VIEIRA FILHO, Francisco de Sousa. Lira Antiga Bardo Triste. Teresina - PI: Gráfica e Editoria O Dia, 2009. v. 500. p. 16.
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metalinguagem,
quarteto
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25 comentários:
Criar:
copiar aquilo
que a alma soprou.
=)
Beijos.
Oi, Lara, acodada ainda, menina? :D
Sua fala me fez lembrar aqui que a visão platônica de criação parte da idéia de que nosso mundo é cópia [mundo sensível], que o Demiurgo, o Plasmador teria feito, em imitação a um mundo ideal, mais perfeito, hyperurânio, mundo das idéias... a arte que imita a natureza nada mais seria que cópia da cópia, abrindo margem para a arte abstrata, a imitar o mundo das idéia [que seria o mundo original]: "copiar o que a alma soprou"... pois bem, a questão é que, em última análise, havendo um artista anterior, o Demiurgo, nossa criação seria por fim uma criação sua... há uma passagem linda em "O Silmarillion" de J.R.R. Tolkien, em que Aulë, um dos Valar, um dos poderes do mundo, filho de Erü [pelos elfos conhecido como Illúvatar - Deus, no caso], desobedecendo às ordens do Pai, teria criado seres outros, contudo, apenas autômatos [os anões, em sua origem]... ocorre que, repreendido por sua insolência, ele [Aulë] faz gesto de destruir sua obra, sua criação, e entre lágrimas, brandindo sua clava, ele indaga mais ou menos assim: 'toma, estas são obras das mãos que tu criastes, mas se te desagrada, detruo-as eu agora mesmo...' Ao que Erü se compadeceu e permitiu os anões tivessem alma... isto meio que redimiria a arte que imita a natureza, a cópia [ainda assim] seria labor co-criativo, resultado da produção das mãos criadas pela Mão... poético, não?! Viajei demais já rs...
Beijo, menina, e boa noite!
:)
Amei é muito lind otudo q vc escreve! bj*
Olá, 'Escrevo Palavras e Choro Poemas', que bom que gostou, seja bem-vinda... :)
Todos os sentimentos sopram...
beijinho e bom dia!
E que soprem sempre... Bom dia, Sílvia... beijo!!! ;)
Não tenho vergonha de afirmar que toda a minha arte se resume a cópia.
Bom poema metalinguístico, Fco.!
Puxa! Como tu conseguiu captar e descrever com perfeição o ato da criação! Não é fácil! Eu por exemplo jamais me arriscaria... Me falta conhecimento para tanto!
Agora, trocando de saco pra mala! Aquela foto da filha do baco me impressionou! Será que ela - como o velho - também gosta de um bom vinho? Maravilha!
Um abraço pra ti!
Oi...
Poucas vezes vi uma definição tão boa sobre esse tema. ;) Parabéns!
Beijão
belíssima e coerente reflexão sobre o ato criativo, Francisco!
Como poeta e estudante de Filosofia, fez muito sentido pra mim!
Um bjo.
Talita
História da minha alma
criar é fazer o que fazes,
e muito bem feito :)
abraço.
Somos dois, meu caro Bardo, somos dois rs... e - me pergunto - acaso toda ela não o é? Resta saber se cópia de que, ou de quem? Vai da crença de cada um: natureza, Divindade, etc...
Valeu, Léo, muito obrigado... ah, e com certeza ela gosta de um bom vinho... quem dera ela me desse bola rs... mas se ela habita o cosmos noético ou o noumênico eu não sei rs - um dia vou atrás dela no mundo dos sonhos, quem sabe a encontramos no onírico... :D
Forte abraço, hombre.
Valeu, Lou... beijão, menina! ;)
Oi, Talita, tudo bem? Pois temos então duas afinidades a mais... amo poesia e filosofia é o ar que respiro [sou professor de fil. geral e jurídica]... não posso negar há muito de influência filosófica no que escrevo - neste texto singularmente visível...
Forte abraço, menina!
;)
Obrigado pelo elogio, meu caro Í.ta... mas, sou forçado a reconhecer, é mero labor co-criativo, quando muito - sendo sincero, mera cópia imperfeita da Arte Maior... :)
Cabe aqui palavras da querida escritora Rquel de Queirós: " Escrever é um ato sofrido, vem de dentro, tão sofrido como a dor do parto." Espero que tenha ilustrado bem seu lindo poema. Bom final de semana. Bjs
Belíssimas palavras, Elzenir, e um bom fim de semana pra nós todos... ;)
Só pra começar perfeito o título, só ele já basta para filosofar em cima do escrito. Como escapar da cópia do criar, se nós mesmos somos cópias de cópias, começando pelos nossos pais.
Na escrita se olharmos, tudo já foi escrito, mas há muito mais a ser dito.
Completar com uma frase de música: "Sei que às vezes uso
Palavras repetidas Mas quais são as palavras Que nunca são ditas?" (Legião Urbana)
Estou degustando todos os demais escritos, belos sonetos amigo!
Parabéns!
Belíssima criação Francisco. É uma honra ler-te. Bj
Gostei da sua resposta-viagem =). Estava aqui a pensar.
Beijo, poeta, boa semana!
Oi, Elzenir, ilustrou sim... belíssimo... Beijo! ;)
Valeu, Joakim, captou perfeitamente bem a mensagem... Forte abraço e seja bem-vindo!
Obrigado, Lai, espero sempre poder honrá-la então... ;)
'Viajar' é comigo mesmo rs...
Beijão, Lara!
;)
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