Cabelos esvoaçantes feito sarças
FONTE: VIEIRA FILHO, Francisco de Sousa. Lira Antiga Bardo Triste. Teresina - PI: Gráfica e Editoria O Dia, 2009. v. 500. p. 19.
Homo res homine sacra. Noli foras ire, redi ad ti ipsum. In interiori homine habitat veritas. Nosce te ipsum - Gnothi seauton. Veritas lux est. In eo vivimur, movemur et sumus. Nisi credideritis, non intelligentis. In'lak ech.
À guisa de explicações quanto ao título do blog...
Seth era tido como o deus dos estrangeiros, no Egito Antigo. Paulatinamente, sob a óptica dos seguidores das divindades reinantes então, assim tomado como deus do mal... também fora alcunhado como o deus egípcio da violência e da desordem, da traição, do ciúme, da inveja, do deserto, da tempestade, da guerra, dos animais e, sobretudo, das serpentes. Seria a encarnação do espírito do mal e irmão de Osíris... traído por sua irmã-esposa Néftis com seu irmão Osíris, confabula sua vingança, almejando a coroa do irmão, e, por fim, consegue matá-lo; sendo mais tarde, porém, assassinado por seu sobrinho Hórus (filho de Osíris e Ísis, de quem se diz seja a reencarnação do próprio pai)... por isso, também tido como o maior defensor dos oprimidos e injustiçados... A história do longo conflito entre Seth e Hórus é vista por alguns como uma representação de uma grande batalha entre cultos no Egito, no desfecho da qual o culto vencedor teria transformado o deus do culto inimigo em deus do mal. Seth é, na verdade, a representação do supremo sacrifício em prol da justiça.
Hades, por sua vez, era, na Grécia Antiga, o deus do submundo e das riquezas dos mortos e sob a terra; guardião de todo o Hades, termo usado para designar tanto o deus como o reino onde exerce seu poder e mando. Seus domínios abrangiam todo o plano espiritual mitológico, por assim dizer, desde os Elíseos (paraíso) até o Tártaro (inferno); por vezes, também tido, sob o nosso olhar de hoje, como deus do mal, bem como seu reino erroneamente cognominado inferno (estranho, uma vez que abrangeria também o paraíso – Campos Elíseos)... Segundo a lenda, o poder de Hades, Zeus e Poseidon era equivalente. Mas Hades era um deus de poucas palavras e seu nome inspirava tanto medo que as pessoas procuravam não o pronunciar. Era descrito como austero e impiedoso, insensível a preces ou sacrifícios, intimidativo e distante. Invocava-se Hades geralmente por meio de eufemismos, como Clímeno (o Ilustre) ou Eubuleu (o que dá bons conselhos). Seu nome significa, em grego, o Invisível, e era geralmente representado com o elmo mágico que lhe dava essa habilidade, que ele ganhou dos ciclopes quando participou (ao lado de Zeus) da guerra contra os titãs (liderados por Cronos). No fim da luta contra os titãs, vencidos os adversários, Zeus, Poseidon e Hades partilharam entre si o universo, Zeus ficou com o céu e a terra, Poseidon ficou com os mares e Hades tornou-se o deus do submundo e das riquezas. Era também conhecido como o Hospitaleiro, pois sempre havia lugar para mais uma alma no seu reino. Ao contrário do que algumas pessoas pensam, Hades não é o deus da morte, mas sim do pós-morte.
Feitas estas considerações, saiba o viajante-amigo, este é um lugar de desgarrados, um lugar de acolhida, daqueles que são rechaçados pela simples pecha da diferença, quando normalidade – sabido é – constitui a mais treda ilusão... acomode-se, viajor cansado... liberte-se do pó e da vertigem da jornada... e se permita, então, palmilhar cada canto e perder-se nos profundos meandros e sinuosidades do covil... conforto não há em suas paredes, com sombras e profundezas sutis, mas há tesouros em seus caminhos e sincera é a sua acolhida... pão humilde de uma arte menor e água sincera da boa amizade te são ofertados a mancheias... As portas da covil de Seth-Hades estão abertas...
19 comentários:
Francisco,
E há de ser assim, sobretudo porque o romper a casca, além de dizer-se, é condição para respirar.
Então, o profeta só respira por dizer[-se], e dizer o mundo. Este mesmo mundo que, por não saber ainda o que está pra ser ouvido [por tê-lo olvidado, ou por desvio do olhar - calculado!], teve de encerrar o profeta num ovo.
Encapsulado [e quase insulado, não fosse sua força] pela diferença...
A diferença do ver-dizer.
Abraço.
olá..sempre gosto de saber a fonte pra saber como fui encontrada: onde encontrou meu blog? =D abraços
Oi, Marcelo, bem-vindo... enxergar no esforço em prol do evolutir ou no sofrimento daí decorrente de mal, é - por certo - pouco sábio... o sábio é encapsulado, alijado, pelos que não querem ouvi-lo... a casca [a quebrar] para a ave está na mesma proporção que o sofrimento a vencer pelo sábio...
Oi, LLacerda, se dissesse que me recordo estaria mentindo... aproveitei os dias do 'fds' pra dar uma espiada por aí à procura de algum alimento [nem só de pão vive o homem] nestes solos áridos internáuticos... e me deparei com seu blog: apreciei os escritos, a temática e tudo o mais, resolvi seguir... ;)
Os profetas são assim, dizem carregar dores e chagas em nome do povão! Será que o povão merece tanto?
Um abraço!
No fim, é como diria Nietzsche, o pregador que não é perseguido por sua congregação, não é digno de ser chamado mestre... :)
Francisco, sua poesia é sábia. És da mesma plaga de Mário Faustino e Torquato Neto. Forte abraço.
Oi, Paulo, tudo bem? Muito em honra a referência comparativa aos grandes... um forte abraço e seja bem-vindo por cá... ;)
Oi, mdsol... td. bem? ;)
o canto gregoriano, logo à entrada, evocam um misticismo do qual eu sentia falta.
gostei do seu canto.
abração do
roberto.
antes que me esqueça,
tenho um grande amigo em teresina, o músico vavá ribeiro, um menino de oeiras que canta bonito, que só!
que nasça do sofrimento a flor...
Moço, fiquei feliz com seu comentário...vc entendeu direitinho...rsrs
Na verdade ficou vício por causa de uma brincadeira com um amigo pro qual eu dizia que nào tinha tendencia a me viciar em cigarro nem em álcool, acho que meu único vicio é gente mesmo. Daí saiu o texto, sobre vício em gente, em alma de gente, em intensidade de gente!!!rsrs
beijos azuis...de céu bonito!!!
Oi, Roberto [Primeira Pessoa], o mote é bem esse mesmo... o espaço é nomeado 'Covil de Seth-Hades'... pus uma explicação e breve história [mitológica] na barra lateral quanto aos porquês do nome... sendo um espaço em honra aos deuses ora referidos, nada melhor que uma música clerical para brindá-los... a faixa é de um anime [um tipo de desenho animado japonês]... este então bem diferente dos convencionais, feito para adultos e de trama mais inteligente, intrigante e complexa que a grande maioria dos filmes que se vê por aí... 'Death Note' aborda a alma humana, a zona cinzenta entre lucidez e loucura e seus meandros, desvarios e psicopatias - sobretudo quando se dispõe de poder 'divino' para fazer valer o seu querer...
P.S.: Vavá Ribeiro é músico conhecidíssimo por cá... dos que levam [e elevam] o nome da terrinha... ;)
Valeu, Denise, obrigado... por vezes a gente se imerge nos fazeres do dia, na rotina e na lida que esquece um pouco a sensibilidade necessária a se viver a poesia... acompanhar os escritos dos amigos [os seus inclusos] sempre que sobra uma brechinha de calmaria no dia é uma forma de exercitar isso...
Beijão!
;)
A chave que fecha é a mesma que abre "como é para a ave, a casca do ovo, /
O sofrimento é para o sábio aprendizado".
Ora, ora... um texto quadradinho e redondinho: muito bem.
Parabéns!
bonito, francisco. bonito...
não falo com vavá faz um tempo.
eu o trouxe aos eua para uns shows, abrindo a turnê de belchior... faz bastante tempo, isso.
bom saber que ele eleva o nome da música do piauí... isso me deixa feliz.
grande abraço do
roberto.
Só não chame redondilha, Henrique kkkkk... forte abraço.
Grande abraço, Roberto... ;)
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